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ENTREVISTA MANUEL CALDEIRA CABRAL

Ministro da Economia

Estando o mandato do Governo a entrar na reta final, é possível já fazer um balanço sobre as principais medidas e mudanças alcançadas?

O balanço que podemos fazer sobre as principais medidas e as mudanças alcançadas desde que assumi a pasta da Economia pode ser visto pelo esforço que fizemos de aceleração da atividade económica, com o lançamento de novas linhas de financiamento ao investimento, com a reposição dos rendimentos, com a mobilização dos fundos estruturais para acelerar o investimento, que teve resultados imediatos bem visíveis na aceleração do crescimento para 2,7%, no registo do maior investimento dos últimos 18 anos, em 2017, e num forte crescimento das exportações. Estas medidas de aceleração imediata da economia resultaram também numa grande diminuição do desemprego que é hoje já mais baixo do que o nível verificado na Zona Euro. Paralelamente, lançámos também um conjunto de programas de reforço do potencial de crescimento de Portugal no médio e longo prazo, programas de reformas estruturais na área da capitalização, como o Programa Capitalizar que alterou os incentivos fiscais, reviu os processos de reestruturação empresarial e abriu novas áreas de financiamento, fazendo com que as empresas portuguesas possam ter mais confiança para investir, mas possam também reforçar a sua capacidade financeira neste ciclo de investimento que agora se abriu. Lançámos também programas muito importantes na área da inovação, como o Programa Startup Portugal, de reforço e de apoio ao empreendedorismo, o Programa Interface, de mobilização para a inovação colaborativa que coloca a trabalhar em conjunto Universidades e Empresas no sentido de valorizar mais a produção nacional e o Programa Indústria 4.0 que mobilizou um grande conjunto de atores no seu desenho e está a ser implementado quer ao nível das estruturas de ensino e formação quer por ações desenvolvidas pelas próprias empresas quer ainda por ações de reforço do apoio ao investimento que o Governo tem desenvolvido e que tem tido uma forte adesão por parte do meio empresarial. A estas políticas acresce uma série de programas transversais de todo o Governo, como é o caso do Programa Simplex que tem um impacto importante na simplificação e na redução de custos das empresas, ou ainda a estratégia que seguimos no turismo, de mobilização de todos os agentes para um setor que estando a crescer tem desafios que conseguimos desenhar para a próxima década e, também, no esforço grande que fizemos ao nível da energia para reduzir custos de contexto o que resultaram em conseguirmos em 2018, pela primeira vez, que a evolução dos preços não fosse um aumento, mas sim uma redução, quer no preço das tarifas da eletricidade, quer também nas tarifas de acesso que tiveram uma redução superior a 4%. Estas são políticas importantes para as quais podemos já apresentar resultados, políticas que ajudaram ao reforço do crescimento económico que se verificou em 2017 e que persiste em 2018, mas também políticas que reforçam o potencial de crescimento futuro do país.

 

 

Quais considera serem atualmente as principais vantagens competitivas das empresas portuguesas no mercado global?

As principais vantagens competitivas das empresas portuguesas mudaram nos últimos anos. Portugal teve um ciclo, no passado, em que se afirmou como um país de produção a baixo custo, mas essa estratégia já não é possível nos dias de hoje. Centrar-se nos baixos custos, baixos salários e desvalorização da mão-de-obra é uma estratégia que não tem qualquer futuro ou interesse para o desenvolvimento económico que queremos para o nosso país. Por isso mesmo, muitas das nossas políticas estão focadas na área da inovação e no reforço da capacidade de renovação das empresas portuguesas, porque só pela inovação, pela diferenciação e pela valorização dos produtos, as empresas podem ser competitivas. E a verdade é que em dois anos em que tivemos aumentos do salário mínimo e em todos os níveis salariais, as empresas conseguiram reforçar a sua competitividade, acelerar as suas exportações e ganhar quota de mercado, mostrando que são hoje mais competitivas e que o reforço dessa competitividade foi conseguido com melhores condições de financiamento, de inovação e não à custa de baixos salários, uma estratégia que está ultrapassada para um país com as condições que Portugal hoje tem.

 

Leia a entrevista na íntegra aqui.


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11 · 10 · 2018